A Dama da Literatura Brasileira
Lygia Fagundes Telles (1918-2022), nascida no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, foi uma das mais importantes escritoras brasileiras. Romancista e contista, foi a grande representante do movimento Pós-Modernista e também membro da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa.
"Já que é preciso aceitar a vida, que seja então corajosamente."
Sua História
Lygia Fagundes Telles nasceu em São Paulo e passou a infância no interior do Estado, onde o pai, o advogado Durval de Azevedo Fagundes, foi promotor público e a mãe, Maria do Rosário (Zazita), era pianista. Voltando a residir com a família em São Paulo, fez o curso fundamental na Escola Caetano de Campos e em seguida ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo, onde se formou. Quando estudante do pré-jurídico, cursou a Escola Superior de Educação Física da mesma universidade.
Ainda na adolescência manifestou a sua paixão, ou melhor, a vocação para a literatura. No início de sua carreira, foi
muito incentivada pelos seus maiores amigos, os escritores Carlos Drummond de Andrade e Erico Verissimo.
Contudo, mais tarde a escritora viria a rejeitar seus
primeiros livros porque, em sua opinião, “a pouca idade não justifica o nascimento de textos prematuros,
que deveriam continuar no
limbo.”
Vivendo a realidade de uma escritora do terceiro mundo, Lygia considerava sua obra de natureza
engajada, ou seja, comprometida
com a difícil condição do ser humano em um país de tão frágil educação e saúde. Participante desse tempo
e dessa sociedade, ela
procurava apresentar através da palavra escrita a realidade envolta na sedução do imaginário e da
fantasia, mas enfrentando
sempre a realidade desse país. Em 1976, Lygia, durante a ditadura militar, integrou uma comissão de
escritores que foi a Brasília
entregar ao Ministro da Justiça o famoso “Manifesto dos Mil”, veemente declaração contra a censura e que
foi assinada
pelos mais representativos intelectuais do Brasil.
Em entrevista, Lygia já declarou: “A criação literária? O escritor pode ser louco, mas não
enlouquece o leitor, ao contrário,
pode até desviá-lo da loucura. O escritor pode ser corrompido, mas não corrompe. Pode ser solitário e
triste e ainda assim vai
alimentar o sonho daquele que está na solidão”.
Em 3 de abril de 2022, Lygia faleceu de causas naturais. Ela teve um velório aberto ao público
na Academia Paulista de Letras e o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, decretou luto oficial no estado por três dias por sua morte.